ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 26.10.1995.

 


Aos vinte e seis dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Simão Guilhem Guilhem, de acordo com o Requerimento nº 17/95 (Processo nº 663/95), de autoria do Vereador Dilamar Machado e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Presidente desta Casa, Senhor Hélio Corbellini, representando o Senhor Prefeito Municipal, Senhor Simão Guilhem Guilhem, Homenageado, e sua esposa, Senhora Luiza Anita Guilhem, Senhora Regina Moreira, esposa do Comandante do V COMAR - Major Brigadeiro Hermes Moreira, Senhor Jorge Augusto Leveridge Patterson, Cônsul Geral da Costa Rica, Senhor Walter Ceabra, Cônsul da República Dominicana, Senhor Frederico Xiviller Vila, Cônsul Geral do Uruguai e Senhor Emílio Cioba, Cônsul da Romênia. Após, convidou a todos para assistirem a apresentação do Coral Ícaro, regido pelo Maestro Adroaldo Cauduro, que interpretou as canções "A Mi Palomita", "Tertúlia", "Tiro ao Álvaro" e "Every Time I Feel The Spirit". Ainda, como extensão da Mesa, o Senhor Presidente citou as presenças das seguintes pessoas: Senhor Paulo Contioso De Franceschi, Superintendente Regional da INFRAERO, Senhor Danilo Kehl Martins, Diretor da SINDETUR, Senhor Antônio Carlos da Silva, representante da AATACAA, Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa, Tenente-Coronel João Batista Rodrigues, representante da Chefia da Casa Militar do Estado, Senhor Célio Saraiva, Diretor da UNESUL, Senhora Antonieta Barone, representante da Aliança Francesa - Centro Franco-Brasileiro, Senhor Wilson Müller, Vice-Presidente da ABRAJET, Senhor Oscar Oliveira, representante da FEDERASUL, Senhor Valdir Cardoso da Silva, representante da ABAV, Coronel Renato Fischer, Chefe do Estado Maior do V COMAR, Coronel João Ribeiro de Souza, Chefe de Gabinete do V COMAR, Senhor Carlos Bastos Ribeiro, Diretor do Correio do Povo. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Dilamar Machado, em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PTB, PP e PSDB, destacou a atuação do Homenageado como Diretor-Superintendente da VARIG no Estado, dizendo que serviu como instrumento, como porta-voz, dos funcionários da VARIG, dos amigos, das autoridades nacionais e internacionais ao prestar esta homenagem. O Vereador Lauro Hagemann, em nome das Bancadas do PPS e do PT, discorreu sobre a importância da VARIG e do Homenageado para o Estado, salientando a atuação do corpo funcional dessa, do qual o Senhor Simão Guilhem Guilhem faz parte. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, referiu-se a ascenção funcional do Homenageado dentro da VARIG e a importância do convívio familiar e dos amigos para este. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, reportou-se a relevância da presente homenagem, dizendo da vinculação do Homenageado à empresa VARIG, relembrando fatos que envolveram a ambos. A seguir, houve a entrega do Diploma alusivo ao Título ora outorgado ao Senhor Simão Guilhem Guilhem, sendo que, logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu a presente homenagem, dizendo da importância da VARIG para o Rio Grande do Sul, referindo-se, ainda, as perspectivas que o MERCOSUL traz para o Estado. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, agradecendo a presença de todos e convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene das dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato e Mário Fraga e secretariados pelo Vereador Dilamar Machado, Secretário "ad hoc". Do que eu, Dilamar Machado, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Declaramos aberta esta Sessão Solene que se destina à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Simão Guilhem Guilhem. Este processo é de autoria do Ver. Dilamar Machado e teve a aprovação unânime da Câmara de Porto Alegre.

Compõem a Mesa, além deste Presidente, o Dr. Hélio Corbellini, que representa, neste ato, o Sr. Prefeito de Porto Alegre; Sr. Simão Guilhem Guilhem, nosso homenageado; sua esposa, Sra. Luiza Anita Guilhem; a Sra. Regina Moreira, esposa do Comandante do V COMAR, Major Brigadeiro Hermes Moreira; o Sr. Jorge Augusto Leveridge Patterson, Cônsul-Geral da Costa Rica; o Sr. Walter Ceabra, Cônsul da República Dominicana; o Sr. Frederico Xiviller Vila, Cônsul-Geral do Uruguai; e o Sr. Emílio Cioba, Cônsul da Romênia.

Convidamos os presentes para ouvirmos a apresentação do Coral Íraco, regido pelo Maestro Adroaldo Cauduro.

 

(O Coral se apresenta.)

 

Coral Ícaro, todos componentes, funcionários da VARIG, parabéns ao maestro e seus componentes. Parabéns ao Coral, que embelezou e abrilhantou esta Sessão e que deu o toque da poesia e da alma da nossa gente.

Como extensão da Mesa, nós citamos a presença do Dr. Paulo Contioso de Franceschi, Superintendente Regional da INFRAERO; Dr. Danilo Kehl Martins, Diretor da SINDETUR; Dr. Antônio Carlos Silva, representante da AATACAA; Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso, representante da ARI; Tenente-Coronel João Batista Rodrigues, representante do Chefe da Casa Civil do Estado do Rio Grande do Sul; Dr. Célio Saraiva, Diretor da UNESUL; Sra. Antonieta Barone, representante da Aliança Francesa - Centro Franco-Brasileiro; Sr. Wilson Müller, Vice-Presidente da ABRAJET; Sr. Oscar Oliveira, representante da FEDERASUL; Sr. Valdir Cardoso da Silva, representante da VARIG; Coronel Renato Fischer, Chefe de Estado Maior do V COMAR; Coronel João Ribeiro de Souza, Chefe de Gabinete do V COMAR.

Passamos a palavra ao Ver. Dilamar Machado, que fala como proponente desta Sessão e pelas Bancadas do PDT, PMDB, PTB, PP e PSDB.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A minha saudação à VARIG, àqueles que, como o Simão, dedicaram a sua vida, a sua inteligência, o seu talento à nossa Empresa VARIG e àqueles que ainda hoje, e por todos os tempos, mantêm os aviões no ar. O Rio Grande sente orgulho de ter sido o berço natal de uma das maiores empresas aéreas do mundo.

Meu caro Simão, faz parte do Regimento da Câmara Municipal a capacidade do Vereador de indicar a seus pares nomes de pessoas não nascidas em Porto Alegre para que lhes seja outorgada a honraria de Cidadão de Porto Alegre. É evidente que é um ato de extremo cuidado do Vereador que, ao indicar alguém e ter a aprovação de seus pares, fique absolutamente tranqüilo de que está enriquecendo a geografia humana da sua Cidade. Neste caso, ao te homenagear - eu apenas sou o instrumento -, eu me sinto, neste momento, pretensiosamente, porta-voz da VARIG. É a VARIG, é a nossa VARIG, a sua VARIG que está te homenageando por meu intermédio. É o povo de Porto Alegre, é o povo do Rio Grande, são os povos do mundo.

Aqui temos essas figuras diplomáticas que representam países irmãos, amigos que aqui estão te homenageando. É o grupo de turismo, são os teus colegas ativos e aposentados da VARIG, é o mundo empresarial, é o mundo oficial. São teus amigos. Porque, ao longo de nossas vidas, e principalmente depois que os nossos cabelos começam a branquear ou a desaparecer, nós vamos nos dando conta de que a vida não é mais que uma coletânea de momentos de emoções e, acima de tudo, de amizade. Aprendi, ao longo da minha vida, que a amizade jamais será medida pelo espaço de tempo, mas, sim, pela intensidade, pela empatia. No nosso caso, é, sem dúvida, um caso de amizade à primeira vista.

Efetivamente, encontrei, na figura de Simão, um homem extremamente afável, que conseguiu o milagre de fazer com que um paulista seja adotado pelos gaúchos, o que seria extremamente complicado também o contrário - os paulistas adotarem um gaúcho. O Simão está acima dessas eventuais divergências ou contingências históricas e políticas entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Efetivamente, Simão é uma pessoa integrada ao nosso Estado. Tem sua passagem na VARIG iniciada em 1956, como Auditor Júnior, com uma ficha absolutamente limpa, ascendente, tranqüila, até chegar à importante missão de ser o Diretor-Superintendente para o Rio Grande do Sul. Eu sei porque acompanhei de longe, e às vezes até mais de perto, o quanto o trabalho do Simão foi importante para que a VARIG se manifestasse como uma das grandes empresas do mundo. Enquanto outras, poderosas, imensas - não vou citar nomes; nós respeitamos a concorrência -, foram quebrando, desaparecendo, foram sendo subsumidas por outras empresas, a VARIG se manteve íntegra, porque a VARIG é íntegra.

Eu gostaria de homenagear Simão em poucas palavras, do fundo do meu coração, e dizer que nós, Simão, Pandolfo, os funcionários da VARIG aqui presentes, os que ainda estão em atividade - pilotos, comissários, navegadores, mecânicos, funcionários burocráticos, aqueles que já deixaram os quadros da companhia, mas estão hoje gozando daquilo que no País se chama de aposentadoria e que na VARIG é para valer -, gostaríamos muito de ver, um dia, no Rio Grande do Sul, a sede principal da VARIG, porque aqui é o lugar da VARIG, aqui é o berço desta empresa. E até já vou indicar o presidente. A VARIG é tão ligada ao Rio Grande do Sul...

A imagem da VARIG jamais deixou de aparecer em qualquer pesquisa em que se consulte a população. Se não houver na consulta nenhum interesse subalterno, se for extremamente aberta, perguntado a um determinado número de pessoas do Rio Grande do Sul qual é a empresa gaúcha que melhor representa o Rio Grande, não tenho dúvidas de que dará VARIG. A VARIG faz parte da história, do dia-a-dia das pessoas do Rio Grande do Sul. Voar pela VARIG nos dá uma segurança grande. Eu até contei para o Simão de uma ocasião em que fui convidado pela Federação Israelita do Rio Grande do Sul a conhecer o Estado de Israel. Foi uma viagem extremamente agradável pela VARIG até Londres; de lá, passei para outras companhias e, de repente, me vi engolfado num mundo que falava hebraico, árabe ou inglês, tão ruim quanto o meu.

Na verdade, foram dias extremamente maravilhosos pelo conhecimento de novos povos, especialmente o Estado de Israel, que a mim encantou como sociedade, como organização, como resultado da luta de um povo que foi oprimido durante a Segunda Guerra e historicamente foi oprimido. Mas, no dia em que eu retornei de Londres e vi, num canto, o símbolo da VARIG e vi uma moça falando em português, eu quase, como se fosse ao encontro de uma namorada, corri para os braços dela, agarrei a moça e disse: "Fala comigo, fala em português, fala na VARIG." Então, na realidade, é um símbolo, é um elemento indicador para cada gaúcho a nossa VARIG. E isso o Simão deixou entre nós, mas não aquele deixar e ir embora. O Simão até hoje não foi embora e não irá jamais.

O Simão, de vez em quando, ausenta-se para dar uma chegada no seu sítio na Barra da Tijuca ou no seu apartamento no Laranjeiras, mas o lar dele, a casa dele é Porto Alegre, é o Rio Grande do Sul. Por isso, Simão, eu fico imensamente feliz de ter sido instrumento da Câmara Municipal, do povo de Porto Alegre e, particularmente dos teus companheiros da VARIG, e ficarei eternamente grato a mim mesmo por saber que, a partir de amanhã, ao iniciar o meu dia de trabalho nesta Cidade, eu a sentirei mais rica, mais generosamente enriquecida pela figura extremamente humana, merecedora de homenagens muito maiores do que esta, mas esta é a que Porto Alegre pode te prestar.

A partir de hoje, inapelavelmente, tu és um Cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado pela oportunidade. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Sr. Carlos Bastos Ribeiro, Diretor do "Correio do Povo".

Pedimos escusas às pessoas que estão em pé, eis que a Câmara Municipal de Porto Alegre está completando o seu Plenário. Nós acreditamos que as obras estarão concluídas até o final do ano. Estamos no Plenarinho da Câmara e esperamos que, na próxima visita dos senhores, que desejamos seja em breve, estejamos com o Plenário pronto para melhor acomodá-los.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra e falará em nome do PPS e do PT.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Srs. Vereadores, amigos do homenageado e desta Casa e, sobretudo, corpo funcional da VARIG, tenho a honra de falar em nome do meu partido, o PPS, que sucedeu o antigo Partido Comunista Brasileiro, e do PT, Partido dos Trabalhadores, que administraram, pela Frente Popular, a Cidade de Porto Alegre.

Bem andou o Ver. Dilamar ao propor esta homenagem pelo caráter excepcional que tem, para nós, a empresa do homenageado. É muito difícil dissociar, nesta homenagem, a figura do homenageado da figura da empresa que ele representa, mas há um ponto de congruência. A VARIG é um dos esteios do Rio Grande do Sul, e Porto Alegre tem o privilégio de ser a origem deste baluarte. Por isso é fácil, para um funcionário exemplar da VARIG, ser confundido com a empresa.

Se a VARIG é a potência que hoje é em todo o mundo deve muito deste prestígio ao seu corpo funcional. Não é por nada que a VARIG madrugou numa nova concepção de administração de empresa, entregando à Fundação Rubem Berta, constituída por seus funcionários, a maior parte do comando administrativo da VARIG. Isso, nos tempos de hoje, é uma relativa novidade que a VARIG nos ensinou há tempos atrás.

Nesse corpo funcional, permitam-me lembrar de uma pequena contribuição da minha terra natal, a velha Santa Cruz, que contribuiu muito para os primórdios da  VARIG. Os seus primeiros pilotos vieram de Santa Cruz e, ao longo do tempo, muitos funcionários santa-cruzenses por lá passaram. Hoje, pelo menos um santa-cruzense exerce suas atividades na VARIG. Por causalidade, é meu filho.

A figura do nosso homenageado adquire contornos internacionais pela projeção da VARIG e pela trajetória funcional, porque ser funcionário da VARIG é tratar com o mundo. É uma função, diria, ao mesmo tempo desafiante, inebriante e de muitos riscos, porque, nessa pletora de atendimentos em nível mundial, um funcionário da categoria do Sr. Simão Guilhem deve ter um preparo excepcional e uma paciência formidável para lidar com todos os problemas que lhe são apresentados. É por isso que Porto Alegre se engrandece ao ter no rol de seus cidadãos a figura de Simão Guilhem Guilhem.

Quero secundar as palavras do meu companheiro Dilamar Machado dizendo que a VARIG não pode se dissociar do Rio Grande do Sul, seja por eventuais circunstâncias, seja até por circunstâncias fundamentais, porque ela jamais se dissociará do Rio Grande do Sul. Ela carrega no seu nome o nome do Rio Grande.

Parabéns novo cidadão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra pela Bancada do PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Por certo o nosso homenageado de hoje poderia dizer, dentro da sua simplicidade, "toquei as estrelas e não tirei os pés do chão no momento em que uma cidade como Porto Alegre, por seus trinta e três Vereadores, me outorgou o Título de Cidadão de Porto Alegre", título este dado a alguém que, por relevantes serviços prestados, o mereceu profundamente e com toda a intensidade.

Hoje o Estado e a Cidade de Porto Alegre reconhecem esse fato. Falei na simplicidade do nosso homenageado, e outro vacariano neste Plenário dizia que o Simão também gosta de minha terra - Vacaria -, visitando-a várias vezes. Portanto, para mim é uma satisfação redobrada, porque gosto muito de Porto Alegre e de Vacaria.

Lembro uma história do turista que olhava dois trabalhadores numa construção: um deles cantava e o outro reclamava. O turista observou que os dois faziam a mesma coisa. Ele se dirigiu a um deles e perguntou: "O que o senhor está fazendo?" - para o que estava de mau humor, e o mesmo respondeu: "O senhor não vê que estou levantando uma parede?" Ele perguntou ao outro: "O que o senhor está fazendo?" Ele respondeu: “Meu amigo, o senhor não vê que estou construindo uma catedral?” É isso que aquelas pessoas como Simão Guilhem Guilhem e como o meu amigo Enir Peixoto fazem quando se dedicam à empresa onde trabalham, quando se dedicam à atividade pela qual têm responsabilidade. Eles não fazem um trabalho; eles constroem uma catedral, como a VARIG é uma catedral para todos nós.

Meu querido Simão Guilhem Guilhem, ninguém é homenageado tão-somente pelas suas próprias forças. Sempre há ao lado, junto, alguém com quem deve ser dividida esta homenagem, como é o caso da Dona Luiza, pois o nosso homenageado, em muitas horas de dificuldade, de preocupação, encontrou nela o sorriso que estava sendo necessário, como também os seus filhos, Marco Antônio e Fátima. Então, esta sociedade de Porto Alegre está dizendo que a família Guilhem merece o que recebeu. Mas o Simão merece ainda mais, porque ele conseguiu fazer uma plêiade de amigos que é algo de extraordinário. Uma das coisas mais difíceis é construir amizades. Os que aqui estão hoje demostram a capacidade do Simão de ser amigo.

Finalmente, quero cumprimentá-lo por tudo o que fez. Começou como Auditor Júnior e terminou com a Superintendência da VARIG no Rio Grande do Sul. Isto prova que estava construindo a catedral. E a Cidade de Porto Alegre, por seus trinta e três Vereadores, está-lhe dizendo, neste momento, que outorga o título com muito orgulho e com muita satisfação, mas também espera que continue gostando tanto de Porto Alegre como gostou até hoje e que seus familiares também sejam felizes aqui.

A todos os meus cumprimentos e que sejam muito felizes onde estiverem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Tendo o Presidente da Casa, Ver. Airto Ferronato, compromissos assumidos anteriormente, pede desculpas a todos por ter se retirado e assume o Vice-Presidente da Casa.

Concedemos a palavra ao Ver. Reginaldo Pujol, que falará pela Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo Sr. Ver. Mário Fraga, na presidência dos trabalhos da presente Sessão; caro Dr. Hélio Corbellini; ilustre homenageado e sua esposa; digníssima esposa do Comandante do V COMAR; ilustres representantes do Corpo Consular; digníssimo Cônsul-Geral da Costa Rica, cuja  presença nesta Casa dá a todos nós uma alegria geral e a mim uma alegria especial devido aos vínculos de relação de amizade que nos unem, por todas as razões do mundo, inclusive por uma vizinhança muito próxima em nossas residências; digníssimo Cônsul da República Dominicana e que me permite, Ver. Lauro Hagemann e Ver. João Dib, iniciar a minha reabilitação como quaraiense, já que os senhores citaram as suas cidades de nascimento, e eu cito, com muito orgulho, o meu amigo Ceabra, que mostra que Quaraí está aberta para o mundo, até para a República Dominicana; caríssimo Cônsul-Geral do Uruguai, que obviamente tem para comigo - e eu para com ele - o carinho de quem nasceu numa cidade fronteira com a República Oriental do Uruguai; distinto Cônsul da Romênia, que há poucos dias nos dava o prazer da convivência, quando da homenagem à data magna da Hungria; demais presentes.

Srs. Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras, numa casa pluralista como é uma casa de representação popular é evidente que, quando da realização de uma Sessão Solene desta magnitude, várias são as correntes de pensamento que gostariam de se fazer ouvir.

Incumbe-me o Regimento da Casa a responsabilidade de, em nome do meu partido, saudar o nosso novo Cidadão de Porto Alegre, e o faço após terem passado  pela tribuna eloqüentes oradores da Casa que, com muita propriedade, traçaram o perfil biográfico do novo cidadão porto-alegrense e, mais do que isso, demonstraram que, no brilho da sua atividade, na razão motivadora da unanimidade da decisão da Casa, certamente estava aquela empresa que o trouxe para o Rio Grande do Sul e à qual ele se vinculou por trinta e quatro anos: a nossa queridíssima VARIG.

Houve-se muito bem o proponente desta titulação. Há determinados momentos em que a ordem dos fatores se altera sem que o produto se prejudique. Hoje nós vivemos uma dessas situações: não é a Casa do Povo de Porto Alegre que distingue o Sr. Simão com a honraria da titulação, mas é, ao contrário, o Sr. Simão que distingue os Vereadores de Porto Alegre por poderem ter, num determinado momento, provocado, por uma feliz iniciativa do Ver. Dilamar Machado, a concessão dessa outorga e determinado que largos anos de atividade profissional desenvolvido por Simão Guilhem Guilhem em Porto Alegre tenham-lhe credenciado a receber esta homenagem como decorrência do carinho, da responsabilidade profissional e, sobretudo, da maneira como se conduziu nas várias posições que ocupou na nossa VARIG aqui, na nossa Cidade de Porto Alegre, tornando-se credor do carinho de tantos porto-alegrenses que literalmente lotam as dependências a um mero chamado, a um mero convite, para prestigiarem com sua presença essa nossa solenidade.

Certamente que os inúmeros integrantes dos quadros funcionais da VARIG, atuais e passados, simbolizados até na figura do Sr. Rodolfo Pandolfo, são a prova incontestável de que o homenageado da Cidade de Porto Alegre é um homenageado da instituição a que pertenceu e a quem se vinculou. A presença de homens de imprensa, como o meu amigo Carlos Bastos aqui presente, dá a dimensão da integração extra-VARIG do homenageado com a sociedade de Porto Alegre e, por extensão, do Rio Grande do Sul. Tantas são as pessoas que se somam à coletividade da VARIG na homenagem ao "Seu" Simão, que parece que houve uma combinação prévia entre os vários segmentos da comunidade de Porto Alegre para se fazerem representar no dia de hoje, de tal sorte que o universo da Cidade pudesse apresentar hoje, aqui, um pouco de si e juntos baterem palmas, afirmarem a correção da Casa quando a unanimidade lhe outorgou a cidadania de Porto Alegre.

Quando foi proposto o título, que recebeu o meu apoio até mesmo por uma imposição regimental, alguém me perguntou se eu lhe conhecia para estar tão entusiasmado no apoiamento que oferecia. Eu respondi que provavelmente o senhor não me conhecia, mas eu lhe conhecia desde o tempo em que, ainda acadêmico, comparecia àquelas comissões que iam até a VARIG pleitear algum apoio que nunca faltou. Por isso, quando reunidos estamos formalizando este ato, eu gostaria de, em nome da agremiação política que represento, em nome do mandato popular de que sou portador, dizer-lhe que esta Cidade de Porto Alegre tem alguma coisa de misteriosa.

Eu não nasci em São Paulo, como o senhor, mas nasci longe - a 630km de Porto Alegre, na minha querida e sempre lembrada Quaraí. Na época em que nasci - já se vai bastante tempo - para chegar em Porto Alegre era preciso que descesse um avião da VARIG em Quaraí porque não tínhamos forma de contatar com a Capital do Estado a não ser pela VARIG ou se submetendo a uma odisséia, que era a viagem pela antiga Viação Férrea do Rio Grande do Sul, cujo deslocamento implicava trinta e seis horas de viagem, desde o alvorecer de um dia até a conclusão do dia subseqüente. Eu percebo que o mesmo fenômeno envolveu o Oscar Antunes de Oliveira, o Lauro Hagemann, o João Dib, aqueles que, como eu, aqui não nasceram e que hoje dividem o seu amor por suas origens com esta Cidade, às vezes até se traindo - e nesse caso eu entro.

Não sei se hoje posso dizer se sou mais porto-alegrense ou quaraiense. Por ter esta circunstância, acho que entendo esse fenômeno místico que envolve esta capacidade da gente de Porto Alegre de envolver as pessoas. O senhor pode não ter nascido aqui, mas esse novo batismo que o Legislativo de Porto Alegre lhe concedeu - esse batismo legal, cívico e formal - vai ter um efeito muito forte, muito expressivo, mas não tão grande para superar essa característica que eu apresento como um apanágio da gente de Porto Alegre. Aqui nós sabemos amar as pessoas que nos amam, e o senhor, que tanto nos quis, que tanto se identificou com a Cidade de Porto Alegre, com a sua família, com seus filhos, já era cidadão de Porto Alegre.

O Ver. Dilamar Machado foi feliz porque soube trazer para a letra fria da lei aquilo que o coração de Porto Alegre já dizia. Então, quero que o senhor saiba (o senhor que - já me confidenciaram - ama as rosas) que faz parte do nosso jardim como um grande jardineiro que, mais do que rosas, plantou amor, carinho, fraternidade, lealdade e amizade.

Seja bem-vindo no rol dos cidadãos de Porto Alegre, sabendo que, mais do que Porto Alegre, o senhor está dignificando esta Cidade ao permitir, pelos seus atos, pela sua vida ilibada, que Porto Alegre tenha orgulho de incluí-lo na sua lista dos grandes homens, das grandes personalidades que se fizeram merecedoras dessa honraria, uma das maiores, das mais belas, que, certamente, não foi conduzida nas asas da VARIG, mas foi conduzida nas asas do reconhecimento, do bem-querer, do relacionamento positivo, da amizade e do carinho que, reciprocamente, a Cidade e o senhor, o senhor e a Cidade se dedicam.

Obrigado por nos ter permitido realizar uma Sessão Solene tão forte, com tantas presenças, presenças de pessoas vinculadas à VARIG, esta VARIG que faz parte do modo de ser do Rio Grande e que haverá de fazer parte do modo de ser do Rio Grande por muito tempo, porque nós não abrimos mão de que ela continue aqui como sendo coisa nossa - a VARIG que para os gaúchos é uma característica, é uma identificação; a VARIG que faz a nós, gaúchos, sermos colocados pejorativamente pelos demais brasileiros como "todo gaúcho se sente meio dono da VARIG". E se não somos formalmente, somos de coração, e o senhor hoje, aqui, representa a nossa VARIG, a grande VARIG, a VARIG que nos leva ao Japão, que nos leva a Paris, que nos leva para todos os quadrantes do mundo e que, ao nos levar, leva a cultura do Rio Grande, essa cultura que o senhor assimilou com tamanha profundidade que hoje, quer queira ou não - danem-se os paulistas - , o senhor é um gaúcho, é um porto-alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos todos os presentes para que, em pé, assistam à entrega da Medalha, pelo Sr. Hélio Corbellini, e à entrega do Título, pelo Ver. Dilamar Machado, ao Sr. Simão Guilhem Guilhem.

 

(Procede-se à entrega da Medalha e do Título ao homenageado.) (Palmas.)

 

O Sr. Simão Guilhem Guilhem está com a palavra.

 

O SR. SIMÃO GUILHEM GUILHEM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.)

(Lê.)

"Inicialmente, quero falar da minha alegria em retornar a Porto Alegre. Especialmente desta vez o reencontro me emociona de forma mais forte porque acontece nesta Casa e me faz recordar os anos em que aqui vivi, conheci e integrei-me à cultura gaúcha, cultura que me recebeu de forma irresistivelmente carinhosa e nobre e faz-me lembrar dos versos da canção gauchesca 'Canto Alegretense', que diz 'esta terra que amei desde guri' e que me permito parafrasear: 'esta Cidade que amei desde que a conheci'.

E assim, como a VARIG, enraizei-me neste rincão. Porque a VARIG e eu sabemos que aqui, diariamente, acontece um mutirão de idealismo, determinação e patriotismo, que a mim, de forma irreversível, conquistou, e a ela, VARIG, deu, dá e dará imorredoura inspiração para continuar desfraldando a bandeira do Rio Grande do Sul e do nosso País pelo mundo afora.

No Rio Grande do Sul, que tanto percorri em todos estes anos, sempre constatei, através da tradicional cordialidade gaúcha, do trabalho sério e da busca incessante da otimização, a predestinação ao sucesso. O MERCOSUL está chegando e centrando toda a sua potencialidade aqui, e em seu rastro - e a galope - o tratado com a Comunidade Econômica Européia. Enfim, um horizonte de emocionante e promissor desafio que, estou certo, há de ser em breve uma realidade grandiosa graças à garra e à qualidade do povo gaúcho. Torço, com todo o meu entusiasmo, por isso e rogo aos céus a graça de assistir e aplaudir.

Por tudo isso e também por toda a emoção, embaraça-me dizer agora do orgulho e da honra pelo título que hoje aqui recebo; sinto-me irmanado aos anseios desta Cidade, aos homens que os formulam e os realizam, projetando-a no cenário estadual e nacional como capital próspera e politicamente importante.

Permitam-me agora dizer que, ao longo de toda uma vida dedicada à VARIG, considero natural alguns postos e títulos, os quais constituíram-se em marcos balizadores de tarefas árduas e consagradoras de uma vida realizada. Quis o destino, entretanto, privilegiar-me mais e de forma única ao agraciar-me com o título honorário de Cidadão de Porto Alegre, o qual emoldurará a saga de toda a minha vida, título que enobrece todo o meu patrimônio, e é com enorme emoção que divido o seu mérito com Luiza, esposa e companheira solidária, mãe intrépida e agora já avó de Júlia, Maurício e Pedro Felipe. Divido com Marco e Fátima, filhos queridos, e com todos que, colaborando comigo, fizeram deste convívio um tempo bom, inesquecível e gratificante.

Para finalizar, meu emocionado e profundo agradecimento à Câmara Municipal de Porto Alegre e ao amigo e digno representante da nobreza política gaúcha, Ver. Dilamar Machado, por propor e conceder-me cidadania tão distinta: a de porto-alegrense. Muito obrigado."

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós, da Câmara Municipal, ficamos gratificados com esta Sessão, e este Vereador mais ainda, por ter sido o meu companheiro de bancada, o Ver. Dilamar Machado, quem propiciou este momento na Câmara.

Aqui, o nosso novo cidadão, o Sr. Simão Guilhem Guilhem, vê, pelas presenças de todos vocês, o quanto é importante para esta Cidade.

Desejamos uma boa-tarde a todos. Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h25min.)

 

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